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domingo, 26 de maio de 2002

Hoje foi dia de arrumar a casa. Achei os textos que eu achava que não tinha trazido do Brasil mas tinha. Este aqui eu tirei de um livro de literatura, naquela parte que fala das cantigas de trovador e cantigas de amigo, e prova que amor à distância não é tão novidade quanto possa parecer...


Cantiga de Amigo

Com esta saudade, amigo,
que me faz triste e coitada,
já não vivo, e bem vos digo:
que seja a vossa morada,
amigo, onde me possais
falar, e onde me vejais.

Não posso, onde não vos vejo,
viver, bem o podeis crer;
e é tão grande o meu desejo
que peço: vinde viver,
amigo, onde me possais
falar, e onde me vejais.

Nasci num dia fatal:
por Deus, amigo, abrandai
a minha pena e meu mal;
eu vos suplico: morai,
amigo, onde me possais
falar, e onde me vejais.

- Senhora, eu irei morar
onde quiserdes mandar.


Apud C. Berardinelli. Cantigas de trovadores medievais em português moderno, p. 53.

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