Here, there and everywhere
Eu entrei no ônibus e ele disse que gostava da minha camiseta. Aí ele disse que tinha estudado na mesma universidade, e disse um monte de coisas sobre o que ele estudava, falava gesticulando bastante. Aí eu o vi outras vezes junto com um monte de outras gentes, e em pelo menos uma delas ele não disse nada e só ficou me olhando no fundo dos olhos com um olhar que demora. Logo depois tivemos nosso primeiro desentendido, mal-entendido, via blog e email. Acho que foi o único, dali em diante tudo foi dito sem legendas. E então teve aquele dia em que ele disse, debaixo de um sol escaldante, que estava se ajeitando para ir embora, juntando as tralhas, despedindo os amores, e voltando pra terra dele. Daí dissemos muitas, muitas coisas, em madrugadas infindáveis de msn e gtalk, a conversa sempre fluiu facilmente, sem segredo e meio sem pudor (o que agora, claro, confesso com um certo pudor). Fiquei feliz no dia em que ele disse que de sua terra ia para o sul, para um lugar onde o ar tinha a densidade certa para ele respirar. Foi mesmo assim que ele disse, o ar com a densidade certa, e eu fiquei pensando em coisas como peso e empuxo, e querendo que ele se equilibrasse. Na cidade da densidade certa ele disse que achou uma moça pecadora bem na medida também, o que eu achei bom, até vi na foto os cabelos vermelhos dela. Agora ele diz que tem uma possibilidade de emprego aqui, bem aqui ao lado. Eu fui lá ver onde ele pode ser que vá trabalhar e o enxerguei muito bem pelos corredores, num lugar de concreto como o primeiro de onde um dia saímos ao mesmo tempo. E fiquei pensando de novo em densidade, e querendo que a densidade deste Rio que me abraça seja certa para ele e também o acolha, e que ele se sinta bem melhor, e que me diga outra vez que está feliz, que os discos estão todos a 33 1/3 direitinho, no tom certo. E espero, de coração, que se acertem todos os ditos e não-ditos.
Um comentário:
Mff,
I'm speechless.
You rock (and roll).
Mcc.
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