Esta é a nossa casa
Não importa quantas vezes eu retorne, o Rio sempre me trata como uma estranha. Andar na praia evidencia especialmente essa má-vontade por parte dele. Não tenho a beleza morena das garotas do Leblon, o dinheiro em férias dos gringos em Copacabana, nem a alegria domingueira dos que vêm do subúrbio. Hoje, por exemplo, o mar rugiu impropérios e a areia tinha conchas quebradas e moscas que se levantavam ao meu passo, enquanto as nuvens conspiravam uma chuva de anoitecer. Só me restou comprar um côco ao quiosqueiro mal-humorado e pegar o ônibus de volta ao bairro das calçadas que pisei mais de mil vezes.
Em se tratando de bares, claro, a coisa muda de figura. Satisfação quase garantida, ainda mais quando se tratam de pessoas dispostas e jogar conversa fora. Calha às vezes de me sentir de novo figura agregadora: sexta passada, 14 gentes, todas brotadas da internet mas uma só que ainda não conhecia ao vivo e em cor. Risadas, fotos a la orkut (agora fazendo biquinho!) e a promessa de novos encontros. Com poucas cervejas já falo pequenas bobagens de que me arrependo um pouco, mas nada de ressacas morais ou hepáticas, já não estou na época. Existe vício em contato social?
O Rio me nega aconchego em suas praias, mas em seus botecos "ele me abre seus braços e a gente faz um país"...
8 comentários:
Este verão está tão pouco verão que acho que não é a praia que não te recebeu bem, ela não tem recebido bem a ninguém.
Concordo com a Bibi!!
E bom é o bar que tá sempre lá, com garçons amigos, pessoas queridas e chopp gelado!! ;)
beijos
como diria o jaguar, "intelectual não vai à praia, intelectual bebe!"
Mafalda,
ultimamente seu blog anda muito inspirado. Tais amando !
bjos,
me
A música diz "vamo simbora prum bar..." e não "vamo simbora pra praia..." ou seja, vc tem que cantar: EU VOLTEI, VOLTEI PARA FICAAAR, PORQUE O BAR, O BAR É O MEU LUGAR...
Não seja tão dura com as praias! Lembre que este foi (porque pra mim já se foi) o verão das chuvas intermináveis.
Que venha a luminosidade do inverno, com sol relativamente constante, luz ligeiramente azulada e praias mais 'democráticas'!
Não diga mais que o Rio te negue suas praias.
Tudo bem que Iemanjá não estava pra papo ontem, mas não podemos reclamar... depois de tantas oferendas que mandamos para ela, até que a Rainha do Mar foi boazinha em não nos fazer pagar um vexame. :)
Cheguei aqui por acaso e me deparei com essa sua relação complexa com o Rio: aconchego/negação.
No Rio, só consegui experimentar o suspiro profundo de uma paixão latente: sua geografia, seus morros, suas desigualdades escancaradas, sua história...Ah, Rio! Te quero mais. http://maria-sem-vergonha-docerrado.blogspot.com/
http://maria-sem-vergonha-docerrado.blogspot.com/
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