A rainha dos robôs
Ela pode sentir nos ossos a chuva chegando. Ela sabe que algo não está
bem mesmo antes de ouvir o trovão. O relâmpago ela mesma faz, a caneta
preta, num dos tantos cadernos. Desenha, escreve, recorta, sorri. Fuma
mais um pouco e escuta a madrugada. Devota ser quem é ao homem que vai
chegar daqui a pouco, entrar pela porta, dizer coisas profundas por
ofício e nonsense por diversão. Parou de beber na semana passada, de
novo. Toma um café. Olha o chapéu azul e grava umas fitas, escreve
qualquer coisa em caracteres cirílicos, deixa a foto provocante
rolando na internet e espera o sol que já envém.